Viver Portugal além dos muros acadêmicos: uma experiência transformadora

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| Telma Bessa Sales  |

O presente texto vem reafirmar a vitalidade das reflexões sobre patrimônio, buscando intensificar a perspectiva de um “necessário e renovado debate: contínuo, coletivo e multidisciplinar”, como interpela esta Revista em sua apresentação. Propõe, assim, discutir aspectos sobre o patrimônio industrial e algumas experiências vivenciadas pela autora em estágio de pós-doutorado, realizado na Universidade de Évora, Portugal, em 2015 [1].

Os caminhos percorridos no tempo do pós-doutorado seguiram-se por congressos, colóquios e seminários, na busca por ampliar a visão no que se refere às temáticas da industrialização e aprofundar conhecimentos sobre os conceitos de patrimônio industrial com uma melhor aprendizagem e qualificação profissional.

Fig.1. Panorama da cidade de Évora, Portugal (fonte: Angela Rosch Rodrigues, 2013).

Conviver com professores como o Prof. Dr. José Amado Mendes (Universidade Autónoma de Lisboa); o Prof. Dr. Jorge Custódio (atual presidente da Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial – APAI); o Prof. Dr. Manuel Lopes Cordeiro (Universidade do Minho), pioneiros no estudo do Patrimônio Industrial em Portugal, apresentou uma multiplicidade de ações das instituições sociais e universidades no trato com a educação patrimonial envolvendo profissionais das áreas de História, Arquitetura, Patrimônio e Arqueologia Industrial que, cotidianamente, constroem um conhecimento interdisciplinar.

É importante destacar que o diálogo profícuo entre profissionais do Brasil e de Portugal tem se desenvolvido há alguns anos em eventos internacionais e atividades acadêmicas em ambos os países, dentre elas, orientações conjuntas de teses de Doutorado e dissertações de Mestrado, o que nos motiva ao contínuo aperfeiçoamento e ao constante avanço em nossas linhas de pesquisas e estudos.

Considerando estas reflexões, destacamos que o termo patrimônio industrial é sugestivo e, inevitavelmente, aborda questões relacionadas às memórias e histórias do trabalho e seus desdobramentos temáticos. Quanta riqueza e amplitude há nestas duas palavras, cheias de sentidos e significados para alguns e tão vazias e enigmáticas para outros. De início, poderíamos indagar sobre os significados do Patrimônio Industrial na atualidade, sobre quais as questões atuais que constituem o estudo deste tema, incluindo as experiências relacionadas à transformação de espaços de trabalho em espaços de entretenimento, cultura e lazer, ou seja, a revitalização ou reutilização de antigos espaços fabris, por vezes em ruínas, adaptando-os para diferentes usos.

Logo percebemos que esse assunto tem a ver com o mundo do trabalho, com as fábricas e empresas, seus trabalhadores e patrões. Inclui o próprio espaço industrial com as suas máquinas de produção em funcionamento ou em ruínas. Inclui, também, o saber-fazer dos trabalhadores e suas funções no chão da fábrica. Vale considerar, ainda, os modos de vida daqueles que habitam os arredores da fábrica e são marcados pelos ritmos e pela organização do trabalho fabril.

Sabemos que a discussão do patrimônio industrial está articulada à reflexão sobre o patrimônio cultural de uma forma geral, como assinala Meneguello:

O tema patrimônio industrial está inscrito como um campo de pesquisa e atuação que atinge, simultaneamente, a memória do trabalho, o estabelecimento e proteção de acervos e a presença das edificações industriais na trama urbana [2].

O patrimônio industrial está ligado também às experiências de trabalhadores, suas histórias e memórias, inclusive em espaços fabris já com atividades encerradas. A partir deste entendimento foi realizada, em 15 de março de 2003, na cidade de São Paulo, uma primeira reunião para se pensar neste tema, agrupando diversos profissionais da área do patrimônio e professores da Unicamp, impulsionados pelo Prof. Paulo Fontes [3]. No ano seguinte, foi realizado o I Encontro Nacional sobre Patrimônio Industrial, na cidade de Campinas, com a presença do Prof. José Lopes Cordeiro, da Universidade do Minho, Portugal. Neste encontro, foi oficializado o Comitê Brasileiro de Preservação do Patrimônio Industrial, articulado ao The International Committee for the Conservation of Industrial Heritage (TICCIH). Essa organização nacional (TICCIH-Brasil) possui grande importância, pois contribuiu para impulsionar a interlocução entre discussões e iniciativas envolvendo o estudo do patrimônio industrial, valorizando, fomentando e apoiando as lutas identitárias e preservacionistas. Eis um fragmento do texto de lançamento do Comitê:

A ideia de criação desse Comitê surgiu em discussões informais de profissionais das áreas de História, Sociologia, Arquitetura e outras, sobre fatos concretos de destruição / deterioração que vem ocorrendo no país, dada a velocidade das transformações que vêm atingindo o nosso parque industrial… Em todas as regiões do Brasil existem exemplos de patrimônio industrial, de grande importância histórica, econômica, tecnológica e social, que precisam ser preservados [4].

No Brasil, essa discussão vem sendo realizada por alguns estudiosos desta temática como a Profa. Cristina Meneguello, da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP); o Prof. Paulo Fontes, do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil  (CPDOC, Fundação Getúlio Vargas, FGV-RJ); a Profa. Beatriz Mugayar Kühl, da Universidade de São Paulo (USP); a Profa. Manoela Rufinoni, da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP); o Prof. Ronaldo Rodrigues, da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-MG); a Profa. Ana Paula Bitencourt, do IPHAN de Pernambuco; a Profa. Maria Leticia M. Ferreira, da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), entre outros, além do envolvimento do IPHAN em vários municípios.

Diversos professores fazem essa reflexão nas salas de aula e fora delas, realizam estudos sobre o patrimônio industrial e acompanham as mudanças ocorridas nas discussões sobre o patrimônio de uma forma geral, articuladas a um aprofundamento dos estudos nos campos da Arqueologia e da História, bem como do próprio patrimônio no Brasil e no mundo.  Cito, neste sentido, dois trabalhos da Profa. Meneguello, nos quais a autora expressa sua preocupação com a temática do patrimônio industrial: o artigo “Patrimônio Industrial como tema de pesquisa”, publicado nos Anais do I Seminário Internacional de História do Tempo Presente, evento sediado em Florianópolis, em 2011; e o texto “O coração da cidade: observações sobre a preservação dos centros históricos”, publicado na Revista do IPHAN [5].

No período de estágio realizado em Portugal, tema central do presente texto, foi possível conhecer as trajetórias dos profissionais supracitados por meio da metodologia da História Oral. Nesta perspectiva, os estudos e entrevistas realizadas em Portugal e no Brasil significaram mais uma ponte na busca de diálogo entre estes dois países, com pesquisadores que atuam na área de patrimônio industrial.

O debate é intenso, no entanto, ainda temos muito a caminhar no Brasil. Como assinala Kühl, de um lado temos o aumento de seminários e de congressos sobre patrimônio industrial; de outro lado, porém, observamos a ausência de análises aprofundadas sobre conceitos e metodologias, assim como de debates que impulsionem uma visão crítica do processo de industrialização brasileira.

É necessário que questões de método sejam retomadas, para permitir essa articulação e para estabelecer linhas temáticas que permitam indagações que aprofundem tanto aspectos específicos da questão (arquitetura ferroviária, por exemplo), quanto análises mais abrangentes, que aprofundem a compreensão do processo de industrialização [6].

Em Portugal, além das questões conceituais, as discussões e práticas profissionais no campo do patrimônio industrial estão cada vez mais intensas, tanto do ponto de vista da reflexão teórica como na dimensão da museologia nacional, conforme afirma Mendes:

Em Portugal, existem vários exemplos de reutilização de antigas instalações industriais ou de equipamentos colectivos, para finalidades diversas, embora com destaque para a museologia. Em numerosos casos, os museus instalados em estruturas industriais ou afins, desactivadas, integram-se no mesmo ramo das antigas funções, pelo que a questão da memória e do património são desse modo reforçados. Noutros casos, as instalações foram adaptadas a novas funções, desligadas da actividade outrora exercida, pelo que só aquelas invocam o seu passado e a sua história [7].

Durante o estágio pós-doutoral na Universidade de Évora, além de conviver com profissionais do patrimônio industrial, participar de congressos, seminários e encontros, foi possível, ainda, conhecer algumas experiências de recuperação de fábricas desativadas, nas quais observamos a atribuição de vários sentidos aos antigos espaços, que passaram a abrigar novas funções, como atividades educacionais ou de formação cidadã. Referimo-nos, em especial, ao Museu do Trabalho Michel Giacometti, em Setúbal, Portugal [8].  

Esta experiência é uma das mais conhecidas e visitadas de Portugal. O museu municipal foi criado em 1987 e renovado em 1995, ocupando uma antiga fábrica de conservas de peixe. A instituição dedica-se, predominantemente, ao patrimônio industrial e aos ofícios urbanos ligados ao comércio e aos serviços, assim como às antigas fábricas de conserva e litografias sediadas em Setúbal. Possui, ainda, a coleção de alfaias agrícolas e de ofícios tradicionais. O antigo edifício fabril é constituído por cinco andares e está integrado a um antigo bairro de pescadores, de salineiros e de operárias conserveiras que trabalhavam na antiga fábrica Perienes. Conhecido por todos por contemplar uma pesquisa etnográfica realizada nos anos de 1980 pelo músico Michel Giacometti, o museu revela um cuidadoso trabalho de coleta de objetos, canções e relatos das vivências de portugueses em diversas aldeias do país, num total de seiscentas freguesias portuguesas.

Além do processo de musealização – que contou com tombamento (classificação), preservação e projeto museológico –, o que se destaca neste espaço é exatamente a metodologia que o compôs. Foram elaboradas orientações pedagógicas e um Plano de Trabalho e Cultura, além do aproveitamento da pesquisa etnográfica feita pelo músico Giacometti, entre as décadas de 1970 e 1980. No contexto do processo revolucionário de 25 de abril de 1974, a pesquisa de Giacometti envolveu cento e vinte quatro alunos do Serviço Cívico Estudantil que visitaram aldeias portuguesas e recolheram documentos, objetos e narrativas dos agricultores com o intuito de conhecer e registrar os modos de vida e as lutas do povo. Este museu, criado e mantido pela Prefeitura de Setúbal, conta hoje com mais de mil peças recolhidas e organizadas numa reserva técnica visitável, expressando que este valoroso trabalho envolveu os estudantes e as comunidades das aldeias, numa integração de diálogo e aprendizagem. O fruto da investigação exige um trabalho permanente de conservação.

A metodologia do trabalho museológico busca explicitar a realidade e o contexto do entorno e a dinâmica das funções dentro da própria fábrica. Ou seja, dentro do espaço da antiga fábrica há exposições divididas em temas, locais com painéis, réplicas de máquinas e de trabalhadores. Há, ainda, painéis que explicitam a própria organicidade do Museu, divulgando o mundo fabril a partir de uma interação com o visitante: espaço do trato do peixe, o local de tirar da salmora, de tirar as cabeças das sardinhas, de encaixar e enlatar. Enfim, é um trabalho minucioso.

Também no Brasil sabemos que há iniciativas de ação no campo do patrimônio industrial em vários lugares. Importa considerar as trajetórias diversificadas, a pluralidade de protagonismo nessas empreitadas, bem como os diferentes processos de discussão acerca da reutilização dos espaços fabris.  Nesta dimensão, vale ressaltar uma experiência de política pública relacionada a um processo de reutilização do espaço fabril como espaço cultural, ou seja, uma ação de preservação do patrimônio industrial em que houve a opção pela utilização de narrativas de antigos trabalhadores sobre o próprio processo de transformação do espaço fabril em espaço cultural. Destacamos, neste sentido, o Centro Municipal de Educação Adamastor, localizado na cidade de Guarulhos, Estado de São Paulo, vinculado à Secretaria de Educação, Cultura, Esporte e Lazer de Guarulhos [9].  

Fig.2. Centro Municipal de Educação Adamastor,Guarulhos / SP (fonte: João Lucas Cappello Kühne, 2018).

Essa iniciativa do poder municipal apontou para um processo de reutilização do espaço fabril desativado que, em certa medida, tem conseguido articular o diálogo entre diversos profissionais de áreas como História, Antropologia, Sociologia e Arquitetura, em torno da constituição de um espaço de formação e entretenimento que se tornou significativo para a população. Este espaço foi uma fábrica têxtil importante no desenvolvimento da cidade de Guarulhos, que funcionou no mesmo local entre 1946 e 1980 e se tornou famosa, sobretudo na década de 1940, por sua linha de produtos finos e de qualidade. Faz parte, portanto, da história da industrialização paulista, acompanhando o ‘boom’ industrial brasileiro.

Diante da preocupação com a preservação patrimonial, a Prefeitura Municipal de Guarulhos aprovou o tombamento das antigas instalações fabris no ano 2000, por meio do decreto nº 21443/2000 e, no ano seguinte, declarou o terreno de utilidade pública e a desapropriação do edifício, com base no Decreto n. 21.226 de 11 de abril de 2001, com o objetivo de iniciar o projeto de recuperação e a instalação do Centro Municipal de Educação Adamastor, um espaço público com teatro, auditório e salas de formação. Eis as características da obra arquitetônica, retiradas de um informativo da Prefeitura de Guarulhos:

A obra da prefeitura não descaracteriza a imagem histórica e afetiva guardada entre os habitantes da cidade. Apropria-se de um ícone das edificações industriais da época que é a chaminé de 50 metros de altura, que, visível à distância, constitui símbolo do conjunto. Com quase 8 mil metros quadrados de construção, o centro educacional e cultural é formado, além do pavilhão industrial, por um edifício novo destinado à administração e a secretarias. O pavilhão, cuja face externa é marcada por colunas em tijolo aparente, tem sua parte central e a chaminé tombadas pelo município. É constituído por três longas águas com duas cabeceiras, que, assim como a chaminé, foram recuperadas [10].

Além da linguagem arquitetônica, eis o que nos chama atenção: o Centro Adamastor possui uma Sala de Memória que, com exposição permanente, retrata algumas imagens dos antigos trabalhadores em seus espaços de trabalho, bem como no lazer. Além disso, apresenta um documentário, no formato de um curta metragem, que contém depoimentos recolhidos de pessoas diversas, especialmente antigos trabalhadores, a respeito da história da fábrica, da importância desta nas suas vidas e a opinião destes sobre a mudança de espaço fabril para um espaço público voltado para a cultura. Essa exposição foi elaborada a partir de narrativas de trabalhadores, fotografias que revelam como viviam o cotidiano da fábrica, a relação com os chefes e as amizades no local de trabalho.

Tais dimensões estavam presentes nas experiências dos trabalhadores, situadas no momento de crescimento do setor industrial, em especial, no Estado de São Paulo e na cidade de Guarulhos. A exposição permanente sobre a fábrica e os trabalhadores convive com as muitas atividades educacionais e culturais desenvolvidas no Centro Adamastor. Com a estrutura da fábrica e a permanência da chaminé, o Centro transformou-se num marco de memória para a população da cidade.

Fruto do envolvimento com o tema do mundo do trabalho e com a metodologia da história oral, a autora deste artigo participou da produção do documentário: “Memórias de Trabalhadores”, exibido na sala de memória e que contém narrativas de antigos operários sobre o espaço de trabalho. A participação dos trabalhadores durante o processo de construção do Centro Adamastor – expressando as vivências dentro da fábrica, as utilizações dos espaços envoltórios e o modo como desempenhavam as funções em cada setor de produção – foi, portanto, fundamental. Enfim, a realidade do mundo fabril se tornou conhecida por meio das narrativas de trabalhadores, que as expressaram num momento de transformação da estrutura do prédio da antiga fábrica em centro de cultura.

No caso de Guarulhos, foi formada uma equipe multidisciplinar para a condução deste processo (arquiteta, sociólogo, advogado, historiadora e pedagoga), e também houve a participação da comunidade e dos profissionais que trabalharam na transição de um espaço fabril para equipamento cultural. Por meio de reuniões e seminários, os profissionais envolvidos iam executando e decidindo o trato com a arquitetura, o uso de cada parte da fábrica e, além disso, o que seria possível preservar ou não.

É importante refletirmos, portanto, sobre a metodologia deste processo e a presença e participação de antigos trabalhadores deste espaço que, junto com os técnicos e professores, discutiram a melhor maneira de agir frente às mudanças. Eis fragmentos das narrativas de antigos trabalhadores que participaram da elaboração do documentário feito para a inauguração do espaço do Centro de Educação. A palavra é da Sra. Erotides Lacerda e do Sr. Oscar Giorgetti:

Telma Bessa: A senhora poderia nos contar sobre seu trabalho na fábrica Adamastor?
Erotides Lacerda: o que mais me chamava atenção era a chaminé, que era muito bonita, e o apito que na hora do almoço, de manhã, fazia aquele barulho, tipo uma sirene, avisando da entrada dos funcionários do horário. No horário do almoço, também tinha a sirene que avisava do horário de saída e da volta e à tarde também. Aliás, aquilo era um relógio até pra cidade, quando tocava o apito, as pessoas até distante, diziam: olha, é tal hora a sirene da Adamastor já apitou… Hoje, com essa construção, vai continuar produzindo, não mais tecidos, mas conhecimento.
Telma Bessa: O senhor poderia nos contar sobre seu trabalho na fábrica?
Sr. Oscar Giorgetti: Entrávamos mocinhos, 12 anos, e ficávamos mais ou menos 30 anos, todos os dias, com as mesmas pessoas, se vendo, e era um tempo diferente, uma vida mais calma, hoje você trabalha, não sabe a vida de ninguém, não dá nem pra conhecer a pessoa bem. Mas foi muito bom, a gente tem contato até hoje. [11]
.

Após mais de dez anos da inauguração deste centro de cultura, constatamos a importância desta mudança para a população, em especial, para os antigos trabalhadores e suas famílias, que após a inauguração eram os que mais frequentavam e se reconheciam no novo espaço. Essas e demais narrativas são importantes para se compreender as subjetividades, as experiências dos sujeitos investigados, conhecer as histórias, as vivências, os conflitos, enfim, não ‘perder o fio da meada’ de nenhuma dessas intervenções humanas nos espaços fabris e culturais.

Os pensamentos aqui apresentados podem ser provisórios ou consideram apenas certa temporalidade, mas trazem interessantes e importantes ideias e ideais. Conhecemos, assim, algumas narrativas de estudiosos sobre o tema do patrimônio industrial e sobre antigas fábricas que foram transformadas, recuperadas e reutilizadas de formas diferentes, em Guarulhos (Brasil) e em Setúbal (Portugal).

A constituição do patrimônio industrial, não esqueçamos, está inserida em discussões teóricas e práticas, implicando muitas lutas. E, nada melhor que o diálogo e o embate das ideias e a problematização do próprio conceito de patrimônio industrial para se compreender melhor as políticas de preservação do mesmo, a ausência de iniciativas neste segmento social, bem como as formas de acesso e de participação da população na gestão deste patrimônio cultural. 


Notas
[1] O estágio pós-doutoral foi realizado em Portugal, com apoio da CAPES, junto ao Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades, na linha Patrimônio e Diversidade Cultural – CIDEHUS, na Universidade de Évora, o que implicou o diálogo com estudiosos do patrimônio dentro e fora do Brasil. Assim, a experiência de estágio foi ancorada na inserção em eventos acadêmicos e culturais, na convivência com estudiosos do tema patrimônio industrial, na elaboração e manutenção do Blog “Patrimônio Industrial: entre farelos, sapatos e tecidos” (outrashistoriaspatrimonioindustrial.blogspot.com.br), bem como na realização de entrevistas com profissionais portugueses e brasileiros que tratam deste assunto, publicadas pelas Edições UVA, Sobral, 2018, com o título “Conversando sobre patrimônio Industrial: palavras, espaços e imagens”. 
[2] MENEGUELLO, Cristina. Patrimônio industrial como tema de pesquisa. Anais do I Seminário Internacional História do Tempo Presente. Florianópolis: ANPUH -SC, 2011, v.1, pp. 1819-1834, 2011.
[3] A autora deste artigo participou desta reunião, ainda cursando o doutorado na PUC-SP, sob a orientação da Profa. Heloísa de Faria Cruz. O professor Paulo Fontes atualmente é professor da FGV Rio de Janeiro.
[4] Disponível em  http://outrashistoriaspatrimonioindustrial.blogspot.com.br/2015/ Acesso em 31.07.2018.
[5] MENEGUELLO, C. Patrimônio industrial como tema de pesquisa, op. cit.; MENEGUELLO, C. O coração da cidade: observações sobre a preservação dos centros históricos. Patrimônio: Revista Eletrônica do IPHAN, nov-dez, 2005.
[6] KÜHL, Beatriz Mugayar. Problemas teórico-metodológicos de preservação do Patrimônio Industrial. In: Seminário de Pesquisa Patrimônio: um debate multidisciplinar. São Paulo: FAU-Maranhão, 25 de maio de 2010, p.6. Consultar, também: KÜHL, B. M. Patrimônio Industrial: algumas questões em aberto. Revista arq.urb, n. 3, primeiro semestre de 2010, pp.23-30.
[7] MENDES, Amado. Revista Ubimuseum, n. 01, 2012, p.03.
[9] http://grucultura.guarulhos.sp.gov.br/espaco/13241/ Acesso em 31.07.2018.
[10] Sobre o projeto arquitetônico de Ruy Ohtake, consultar: Ruy Ohtake: Centro Municipal de Educação Adamastor, Guarulhos, SP: convergência entre o antigo e o contemporâneo. Revista Projeto Design, edição 290. Disponível em: http://arcoweb.com.br/arquitetura/ruy-ohtake-centro-cultural-03-05-2004.html. Acesso em 26.06.2014.
[11] Entrevistas realizadas por Telma Bessa, no espaço da antiga fábrica Adamastor, Guarulhos, em 2003. Para mais detalhes sobre este projeto, consultar SALES, Telma Bessa. Conversando sobre patrimônio industrial. SÆCULUM: REVISTA DE HISTÓRIA, n.35, João Pessoa, jul./dez. 2016, p.61-76.

Telma Bessa Sales

Professora das disciplinas História Oral e Memória, Introdução aos Estudos Históricos e Métodos e Técnicas de Pesquisa Histórica, na Universidade Estadual Vale do Acaraú, Sobral – Ceará. Faz parte do corpo docente do Mestrado Acadêmico de Geografia (MAG) desta instituição. Mestre e Doutora em História Social pela PUC-SP, com período sanduíche na Universidade La Sapienza (Roma, 2005) e pós-doutora pela Universidade de Évora (Portugal, 2015), com apoio da CAPES. E-mail: telmabessa@hotmail.com


logo_rr_pp   v.2, n.4 (2018)   

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