Restauração de uma memória: perspectiva de preservação da sede da Fazenda Salgado dos Moreiras

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| Roberto Moreira Chaves |

O presente artigo aborda o processo de conservação e restauro da sede da Fazenda Salgado dos Moreiras, localizada na comunidade de Salgado dos Moreiras, distrito de Cágado, no município de São Gonçalo do Amarante, Ceará. Considerando as memórias locais referentes ao bem e ao processo de preservação da técnica construtiva conhecida por taipa de mão – técnica que predominou no estabelecimento das primeiras moradias da comunidade, tornando-se um ofício que foi passado de geração a geração –, julgamos importante compreender as relações sociais e históricas que dão suporte às referências culturais locais, oferecendo subsídios para a preservação e valorização do patrimônio cultural local.

A sede da fazenda Salgado dos Moreiras

A casa sede da fazenda Salgado dos Moreiras foi construída em taipa de mão por volta da década de 1940 pelos então moradores Manoel Pacheco de Meneses e Inucêncio Cabral [1], sendo a segunda e última sede da antiga Fazenda Canto Escuro, casa de morada de Joaquim Moreira, também conhecido por Quinca Moreira. Com o passar dos anos, a sede da fazenda foi ganhando novos espaços, dentre eles um aposento em taipa de mão, popularmente conhecido por taipa, local onde era depositada toda a produção agrícola da fazenda. Esse espaço acompanhava a extensão da casa no lado norte, tendo em vista a frente da casa para o lado leste, a passagem do tempo de sua construção pode ser observada pelo nivelamento do piso que é mais elevado do que a estrutura principal da casa. Foi adotada uma técnica diferente para alguns ambientes da casa, como a cozinha e o alpendre, que eram em taipa e, posteriormente, foram reformados, passando a ser construídos em alvenaria. Em sua última reforma, que ocorreu no final da década de 1990, foram acrescentados na estrutura da casa um banheiro, pois não existia até então este espaço, e uma pequena área de serviço, sendo todas essas mudanças feitas em alvenaria. Podemos observar algumas das alterações ocorridas na casa por meio da imagem de sua fachada principal (fig. 1).

Fig. 1. Vista da Sede da Fazenda Salgado dos Moreiras, antes do processo de Restauro (fonte: Coleção Moreira Chaves. Foto de Roberto Moreira Chaves)

Quando da construção da casa na década de 1940, por tratar-se de uma região que sofria com a falta de água em alguns períodos do ano, foi empregada a taipa de mão, por ser considerada uma técnica de baixo custo, pois os materiais de sua composição eram retirados da região, sendo eles: madeira, barro e cipó.   

A casa, por muito tempo, foi local de cerimônia onde ocorria a maioria dos acontecimentos e eventos da fazenda e, posteriormente, da própria comunidade, que não possuía ainda igreja, escola e maiores espaços para realização dessas atividades. Em 2003, a casa serviu, inclusive, como apoio para o posto de saúde. Hoje podemos identificar, portanto, a partir do pensamento de Nora, a importância que a casa possui enquanto “lugar de memória” para a comunidade, não só pelo fato de ter sido a primeira sede da fazenda que originaria a comunidade, mas pelo fato de estar no imaginário das pessoas, por sua ligação com os primeiros momentos de celebração. A casa também foi um espaço de encontro de muitos moradores que se reuniam para ouvir as histórias e estórias de Quinca Moreira, o proprietário da Fazenda Salgado dos Moreiras, ou para escutar os programas de rádio e, posteriormente, assistir as primeiras cenas das novelas ainda em preto e branco. Para Nora:

O lugar de memória supõe, para início de jogo, a justaposição de duas ordens de realidades: uma realidade tangível e apreensível, às vezes material, às vezes menos, inscrita no espaço, no tempo, na linguagem, na tradição, e uma realidade puramente simbólica, portadora de uma história. A noção é feita para englobar ao mesmo tempo os objetos físicos e os objetos simbólicos, com base em que eles tenham “qualquer coisa” em comum. […] Cabe aos historiadores analisar essa “qualquer coisa”, de desmontar-lhe o mecanismo, de estabelecer-lhe os estratos, de distinguir-lhe as sedimentações e correntes, de isolar-lhe o núcleo duro, de denunciar-lhe as falsas semelhanças e as ilusões de ótica, de colocá-la na luz, de dizer-lhe o não dito. […] Lugar de memória, então: toda unidade significativa, de ordem material ou ideal, que a vontade dos homens ou o trabalho do tempo converteu em elemento simbólico do patrimônio memorial de uma comunidade qualquer [2].

Apesar da construção de novos espaços coletivos para a comunidade (igreja e escola), por volta da segunda metade do século XX, a casa não deixou de ter importância para os moradores locais, fazendo parte de suas memórias relacionadas aos eventos e comemorações ali ocorridas desde o início da formação do povoado. 

 O sal da terra: referências históricas sobre a formação da comunidade Salgado dos Moreiras

A comunidade Salgado dos Moreiras, localizada no distrito de Cágado, pertencente ao município de São Gonçalo do Amarante (CE), tem sua origem associada à fazenda Canto Escuro que, posteriormente, passou a se chamar Salgado dos Moreiras. A denominação “Salgado” foi devido ao abastecimento de água que advinha de poços subterrâneos que continham sais, passando os moradores a delimitar o espaço geográfico de “salgado”. Por se tratar das terras pertencentes à família Moreira, o local passou a ser conhecido como “Salgado dos Moreiras”.

João Moreira Barroso advinha de uma família que possuía muitas terras na região do Vale do Curu, originadas da doação de sesmarias e adquiridas pelo Padre José Moreira de Sousa, ainda por volta do século XVIII. Eram grandes faixas de terras que originaram fazendas de gado ao longo da ribeira do Rio Pará, atual Rio Curu, como é possível observar nos seguintes trechos das Cartas de Sesmarias:

Dada nesta Villa da Fortaleza do Seará Grande aos vinte e cinco dias do mes de Septembro de mil e setecentos e trinta e sinco annos o Secretario Hironymo de Albuquerque escrivão das datas e sismarias que o escrevy || Estava o sello || Domingos Simois Jurdão || Carta de data e sismaria pela qual ouve vmce. por bem, conceder em nome de sua Magestade a Pedro Barroso Valente e ao Reverendo Padre Joseph Moreira de Souza de tres legoas de terra a cada hum de comprido, e hua de largo meya pera cada banda do Riacho Xanuãqua sua nascente que faz barra na vargem do Timbauba ilhargas nos ultimos providos no rio Curu [3].

Dada nesta villa de Fortaleza do Ceará grande aos vinte e sete dias do mes de outubro de mil e setecentos e trinta e cinco annos. O Secretario Hironymo d’ Albuqe. escrivão das datas e sesmarias que o escrevy || Estava o Sello || Domingos Simois jurdão || Carta de data e sismaria que vmce. ouve por bem conceder ao Rdo. Pe. Joseph Mora. de Souza de tres legoas de Comprido com meya para cada banda em nme de sua Magestade no Riacho das pedras entre Tayasuca e o Boqueirão do Cangaty pello Riacho asima pa. vmce. vêr || E não continha mais em dita carta de datta e sismaria que escrevy Registey e asigney em quatorze dias do mes de março de mil e setecentos e trinta e seis. O escrivão das datas e sesmarias. Hirmo. de Albuqe. [4]. 

[…] dada nesta villa de Fortaleza aos vinte de dezembro de mil e Sete Cntos e trinta e sete; e eu Joséph Bernardo Uchoa  Secretario a escrevy || estava o Sello || Domingos Simois Jurdão || Carta de data e Sismaria pela Coal vmce. foi Servido Conceder ao Padre Joseph Moreira de Souza e a João de Amorim Tavora, tres Legoas no Ryo do Curu’ como nela se declara || pa. vnce. ver || e não continha mais a da. Data q. eu aqui tresladey, escrevy e asigney [5].

Segundo relatos de alguns familiares e moradores, ainda por volta do início do século XX, o filho de João Moreira Barroso, o Sr. Joaquim Moreira (Quinca Moreira), resolveu instalar-se nas terras pertencentes ao seu pai no lado esquerdo do Rio Curu, na fazenda Canto Escuro, para administrá-las e cuidar do gado. A fazenda Canto Escuro já possuía casa de farinha, uma moradia, cacimba e curral, pois era ali que João Moreira Barroso se instalava sazonalmente nos períodos de safra das roças plantadas e produzia farinha. A região na qual foram instaladas a casa da fazenda e a casa de farinha, contudo, era um local que sempre nos grandes invernos sofria com as enchentes do riacho que passava nas proximidades, devido a sua localização entre as elevações de terra que formavam a fazenda.

Com o estabelecimento de Quinca Moreira na fazenda Canto Escuro, as edificações foram realocadas para a região oeste, sobre uma das elevações, onde seriam construídas as novas edificações, tais como: o curral, a nova casa de farinha e a sede da fazenda, passando a chamar-se Fazenda Salgado dos Moreiras.

Alguns trabalhadores moravam na fazenda, como os vaqueiros e seus familiares. Estes ganhavam um pedaço de terra com uma casa de taipa de mão e ali podiam formar sua família, plantar e criar seus animais, trabalhando para os donos das terras por meio do sistema de “metade”, em que uma porcentagem do que os empregados produzissem na fazenda destinava-se ao proprietário. Aos poucos a comunidade passou a agregar novos moradores, entre eles, familiares do próprio Quinca Moreira.

Era nos espaços da casa, sede da fazenda, que ocorriam os batizados, missas e casamentos, até o final do século XX, quando o Sr. Joaquim Moreira doou pedaços de terras para que fosse construída a escola, o chafariz e a igreja da comunidade. Essas ações contribuíram para consolidar a comunidade na região, já que em muitos períodos, em consequência das secas que assolavam a região, os moradores recorriam a um contínuo processo de migração. Os problemas ocasionados pela seca só foram estabilizados com a construção do chafariz na comunidade, o qual possuía um cata-vento que ajudava no bombeamento da água a partir da corrente de ar, a qual retirava a água do poço e distribuía em torneiras do chafariz, abastecendo assim toda a comunidade, além dos poços que já existiam.

A casa de Quinca Moreira e a técnica em pau a pique: a “taipa” entre saberes e fazeres

Segundo Maria Cecília Londres Fonseca [6], a década de 1930 no Brasil foi marcada por grandes transformações sociais e econômicas, principalmente devido ao processo de urbanização e industrialização. Neste sentido, influenciado também pelos “ideais do movimento modernista de 1922”, o país iniciou um processo de transformação, principalmente no campo da cultura, que passou a ser pensada por meio de um viés institucional, com o estabelecimento de políticas públicas por iniciativa do Estado. Foi neste contexto de efervescência social e cultural que teve início o Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN), criado em 13 de janeiro de 1937 por meio do Decreto-Lei n° 25. A promulgação do decreto pautou-se, ainda, por ideais nacionalistas de preservação do patrimônio histórico brasileiro estabelecidos pela Constituição de 1934, em seu artigo 10º, item III: “Compete concorrentemente à União e aos Estados: […] III – proteger as belezas naturais e os monumentos de valor histórico ou artístico, podendo impedir a evasão de obras de arte” [7]. Deste modo, caberia ao SPHAN instituir a lei de tombamento como elemento de preservação da “memória nacional”, ou seja, uma política voltada para o patrimônio material.

Fonseca acrescenta que, a partir de 1970, “após uma longa trajetória do SPHAN, com uma série de bens e conjuntos tombados”, houve uma remodelação do projeto do órgão e este passou a denominar-se Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN. Iniciou-se, portanto, uma série de questionamentos quanto aos critérios de preservação até então empregados, já que estes se caracterizavam pela priorização do patrimônio referente apenas a uma pequena parcela da sociedade e restrito aos elementos arquitetônicos e à história oficial. A partir destes questionamentos, os órgãos oficiais ligados a políticas de preservação do patrimônio nacional ganharam novas perspectivas ao repensar o projeto original de Mario de Andrade, destacando a dimensão do patrimônio imaterial. Assim, ao aprofundar essa discussão, os órgãos iniciaram uma política voltada também para os “valores intangíveis”, dando espaço aos saberes e fazeres dos povos tradicionais, atuando tanto por meio do registro como por meio da preservação. O valor intangível atrelou-se, assim, ao valor tangível, buscando entender o Brasil como um país multiétnico [8].

A Constituição de 1988, no caput do art. 216 e incisos I, II, IV e V, consolidou a ampliação do conceito de patrimônio, que não se restringiria apenas ao patrimônio edificado dito de “pedra e cal” e abrangeria, também, os saberes tradicionais e as diferentes formas de expressões do Brasil, sendo, em alguns casos, ligadas à oralidade, ou seja, à imaterialidade: 

Art. 216 – Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem: I – as formas de expressão; II – os modos de criar, fazer e viver; IV – as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V – os conjuntos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e cientifico [9].

Ao pensar os saberes e fazeres como elementos do patrimônio de um povo, ressaltamos a importância que o patrimônio possui como algo que está para além da cultura material que os ofícios desenvolvem, pois, quando pensamos a tradição intangível, observamos a relação que esta possui com os aspectos tangíveis, ou seja, eles se relacionam. Diante de toda conjuntura nacional advinda da constituição de 1988, as políticas de preservação do patrimônio foram reconduzidas para um viés de interesse coletivo, tendo em vista as práticas do povo brasileiro.

Com base nesta expansão do conceito de patrimônio e das práticas preservacionistas, o projeto de conservação e restauro da sede da fazenda Salgado dos Moreiras tem por objetivo não apenas preservar o patrimônio imóvel que a casa representa, mas, antes de tudo, analisar, registrar e mapear os saberes e fazeres em torno da construção em taipa de mão, técnica com a qual a casa foi construída.

A taipa de mão é considerada como a primeira forma para a construção das moradias da comunidade e perdurou por muito tempo como a única forma de fazê-las, havendo, ainda hoje, predominância da aplicação desta técnica em algumas moradias locais. Por se caracterizar como um tipo de saber/fazer que foi passado de geração para geração, a técnica foi ganhando apropriações segundo o contexto e a realidade local.

Atualmente, poucos moradores ainda trabalham com a taipa de mão, por tratar-se de uma técnica que demanda um maior tempo de produção e por existirem técnicas mais baratas e práticas. Além disso, para a aplicação da taipa de mão é necessário, além do barro, a madeira e o cipó, cuja obtenção, devido ao avanço do desmatamento, tornou-se um dos principais desafios para os produtores. Contudo, destacam-se na comunidade alguns artesãos que ainda produzem ou detém o conhecimento do ofício da taipa de mão.

Nada é mais significativo do que esses artesãos poderem trabalhar no processo de conservação e restauro, tendo em vista seus conhecimentos acerca da técnica e dada a importância do seu ofício. O processo, portanto, foi desenvolvido em parceria com o senhor Cristóvão Braga, um dos artesãos da comunidade (fig. 2), o qual realizou, junto ao técnico de conservação e restauro, intervenções que atrelaram conhecimentos e saberes diferentes (fig. 3). Nota-se, assim, a importância das técnicas tradicionais associadas aos procedimentos científicos, tendo em vista o processo de preservação de um bem.

Fig. 2. Restauro da parede em taipa de mão (fonte: Coleção Moreira Chaves. Foto de Roberto Moreira Chaves)

Fig. 3. Processo de aplicação do barro (fonte: Coleção Moreira Chaves. Foto de Roberto Moreira Chaves)

O pau a pique, popularmente conhecido por taipa, caracteriza-se como uma das primeiras técnicas de construção de habitações do Brasil, dada sua facilidade econômica por tratar-se de uma técnica composta por materiais encontrados com facilidade na região. Nas taipas que compõem a sede da fazenda Salgado dos Moreira predominam, em sua estrutura, tramas simples constituídas por paus roliços na vertical, que são sustentados por paus na horizontal, gerando, assim, uma espécie de entrelaçamento. Amarras de cipó foram utilizadas como forma de fixação dos paus horizontais nos verticais, formando, assim, uma estrutura vazada que posteriormente recebeu uma camada de barro, chamado de emboço.

O emboço é um elemento fundamental, pois é ele que preenche a estrutura vazada dando forma à parede. Na composição do emboço da casa, utiliza-se barro da região, também conhecido como barro de louça, acrescido de areia e água, que posteriormente recebe uma camada de reboco composto principalmente de cal.

Uma das principais patologias encontradas nas estruturas feitas em taipa de mão é a proliferação do Triatoma infestan, popularmente conhecido como barbeiro, inseto transmissor da doença de Chagas, tornando-se assim um dos fatores que levam a não utilização desse tipo de técnica atualmente. Esse fator, no entanto, pode ser evitado desde que exista uma política de conservação do bem que elimine os fatores que possibilitam a infestação e a possível proliferação do inseto.

Atualmente, verifica-se a redução das construções em taipa na região e, em alguns casos, a substituição deste tipo de técnica por construções em alvenaria. Isso se dá porque a taipa é considerada uma técnica antiga e em desuso, que evidenciaria uma situação econômica precária. No entanto, há ainda quem construa ou mantenha suas casas em taipa justamente por possuir baixa condição financeira ou, simplesmente, por gostar da sua moradia em taipa de mão. Outro fator que incentiva a substituição da taipa pela alvenaria é que aquela é considerada uma estrutura vulnerável à infestação do agente transmissor da doença de Chagas, quando está em um estado precário, interferindo diretamente nas questões sociais e de saúde pública do país [10].

O governo federal em parceria com os estados elaborou uma política de crédito com o objetivo de restaurar ou “eliminar” as casas em taipas e reconstruir as habitações, com a justificativa de minimizar os problemas sociais, melhorando a qualidade de vida das pessoas que não possuem casas dignas de moradia, principalmente na zona rural. A partir disso, foi criado o Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR) [11]. Além do programa PNHR, já ligado ao Programa Minha Casa Minha Vida, há também o Programa de Subsídio a Habitação de Interesse Social (PSH) e o Projeto de Melhoria Habitacional para o Controle da Doença de Chagas (PMHCh), como meios de prevenção e erradicação da doença de Chagas e de moradias precárias [12]. Desta maneira, a casa de taipa atualmente é vista pelo governo como um problema, evidenciando assim uma das razões para o seu desaparecimento.

Parte dos moradores da comunidade de Salgado dos Moreiras, que possuía casas de taipa na região, fez o cadastro por volta de 2014 para uma possível proposta de reconstrução em alvenaria. Em consequência disso, suas casas antigas seriam demolidas e reconstruídas em alvenaria como forma de melhoria da qualidade de vida dos moradores. No entanto, o projeto não prosseguiu.  

Na sede da fazenda Salgado dos Moreiras, houve duas substituições da técnica já mencionada anteriormente, que ocorreram no alpendre e na cozinha, que eram em taipa e foram reconstituídos em alvenaria. Contudo, não há registros do período em que houve estas intervenções. As mudanças apenas são relatadas por moradores e familiares que habitaram a moradia no período das intervenções. Depois dessas duas substituições de técnica construtivas da casa não houve mais nenhuma alteração na estrutura original em taipa de mão, sendo apenas acrescidos elementos de alvenaria dada a necessidade dos proprietários.

Nota-se que, com o passar dos tempos, a estrutura da sede da Fazenda Salgado dos Moreiras foi se deteriorando, seja com ações humanas ou naturais, não possuindo nenhuma intervenção preventiva em sua estrutura. Devido à necessidade de sua preservação, por tratar-se da construção mais antiga presente atualmente na comunidade e por já estar em estágio bem elevado de degradação, podendo levar a sua perda total, optou-se pelo processo de restauro tendo em vista a importância que a técnica possui enquanto elemento imaterial, e a relação deste com o patrimônio material enquanto constituição do patrimônio cultural local.            

O processo de restauro

Partindo do princípio de preservação, entendemos os processos de conservação e restauro como ações contínuas, nas quais devem estar embutidas mudanças e transformações, agregando, assim, uma ferramenta cíclica que envolve distintas áreas na busca do fortalecimento visual plausível e da valorização das memórias em torno do objeto por meio de sua gestão e preservação.

O projeto de conservação e restauro da sede da fazenda Salgado dos Moreiras englobou desde a obra estrutural do bem até seus bens integrados. Partindo do princípio ‘histórico e estético’ de Cesare Brandi [13] e levando em consideração a retomada da utilização do espaço, ou seja, seus usos, a obra teve como objetivo a preservação da segunda sede da fazenda Salgado dos Moreiras, a qual deu origem à comunidade de Salgado dos Moreiras; edificação que se encontrava em um acelerado processo de degradação, precisando de medidas preventivas e curativas de conservação e intervenções de restauro.

Ao iniciar o projeto de conservação e restauro do bem, a primeira etapa foi a aplicação de uma oficina de educação para o patrimônio, tendo em vista a importância da comunidade neste processo e a necessidade de impulsionar discussões em torno do conceito de cultura e patrimônio. A oficina foi realizada com alunos do 9° ano da Escola Municipal João Moreira Barroso.

Após uma série de debates, os jovens refletiram sobre sua comunidade e colocaram em questão o que eles consideravam como patrimônio e por quê. Neste processo, cada aluno recebeu uma folha de papel para que pudessem expressar um pouco sobre o patrimônio local e, assim, listaram uma série de bens culturais da comunidade, dentre eles a Casa de Quinca Moreira, mostrando o quão significante a casa é para a população, sendo considerada como a primeira casa da comunidade, como podemos observar na figura 4. A partir dessa concepção de patrimônio vinda dos jovens, que colocaram a sede da fazenda no Jornal Escolar, podemos refletir sobre o conceito de memória ‘vivida por tabela’, exposto por Michael de Pollak. Muitos desses jovens não tiveram vivências no uso da casa, mas, de certa forma, esta faz parte de seu imaginário, seja por ser algo presente, se destacando por sua estrutura mais antiga, ou mesmo pelas memórias dos pais e dos avós em torno da Casa Sede da Fazenda e das origens da comunidade. Nas palavras de Michael de Pollak:

Quais são, portanto, os elementos constitutivos da memória, individual ou coletiva? Em primeiro lugar, são os acontecimentos vividos pessoalmente. Em segundo lugar, são os acontecimentos que eu chamaria de “vividos por tabela”, ou seja, acontecimentos vividos pelo grupo ou pela coletividade à qual a pessoa se sente pertencer. São acontecimentos dos quais a pessoa nem sempre participou, mas que, no imaginário, tomaram tamanho relevo que, no final das contas, é quase impossível que ela consiga saber se participou ou não. Se formos mais longe, a esses acontecimentos vividos por tabela vêm se juntar todos os eventos que não se situam dentro do espaço-tempo de uma pessoa ou de um grupo [14].

Fig. 4. Casa de Quinca Moreira (Jornal Folha Estudantil da Escola de Ensino Fundamental João Moreira Barroso)

A segunda etapa do projeto compreendeu a análise e o diagnóstico do bem, no qual foram identificadas as principais patologias, sobre as quais foi elaborado o projeto de intervenção. Foram identificados três tipos de patologias na estrutura de taipa de mão:

Podemos identificar três tipos distintos de patologias na estrutura em taipa de mão da casa, por meio do caráter ocasional, sejam elas físicas, mecânicas ou químicas:

  • Física:
  1. Umidade; 2. Manchas de sujidades; 3. Manchas enegrecidas (depositadas em protuberância da parede); 4. Manchas de infiltração: descendentes e ascendentes;
  • Mecânica:
  1. Fissuras, desgastes e alterações da forma; 2. Fissuras (verticais, horizontais e diagonais); 3. Fissuras no enchimento ocasionadas por movimentação dos paus da trama; 4. Fissuras no reboco causadas por problemas na estrutura autônoma; 5. Desprendimento de camada pictórica sobre reboco devido ao desprendimento do reboco e emboço sobre a peça de madeira; 6. Desprendimento do emboço e reboco; 7. Desprendimento do reboco sobre o emboço; 8. Perda de enchimento e das demais camadas da parede; 9. Presença de vegetação de médio porte; 10. Perda de seção de peças de madeira; 11. Presença de organismos xilófagos; 12. Presença de fungos; 13. Presença de cupim de solo; 14. Paus deformados; 15. Erosão ocasionada por águas pluviais e/ou vento; 16. Intervenções inadequadas; 17. Parede arrasada pela ação da chuva.
  • Química:
  1. Oxidação dos pregos de fixação; 2. Corrosão; 3. Alteração nas superfícies dos materiais [15].

 

Pudemos observar que uma parcela considerável de patologias está diretamente relacionada com a sedimentação ocasionada por ação da chuva, como também por não existir no entorno da casa nada que evitasse a erosão das paredes, seja pela ação de animais, umidade ou chuva, pois não existia nenhum dreno e/ou calçada para conter estas patologias. Notamos a existência de um problema que não seria resolvido apenas com uma intervenção de conservação curativa ou restauro pontual, seria necessária a elaboração de uma ferramenta preventiva para que não voltasse a acontecer o desgaste e a aceleração dos processos de degradação. Optamos, então, pela elaboração de cinquenta centímetros de calçada no entorno da edificação como forma de intervir e prevenir diretamente o processo de sedimentação da base das paredes, evitando assim, a ação dos animais, a infiltração direta da água da chuva e seu acúmulo. Segundo Cesare Brandi,

A Restauração Preventiva é também mais imperativa, se não mais necessária, do que aquela de extrema urgência, por que é voltada, de fato, a impedir esta última, que dificilmente poderá ser realizada com uma salvatagem completa da obra de arte [16].

A elaboração da calçada tornou-se uma ferramenta da conservação preventiva, pois atuou diretamente em uma das patologias que mais influenciava o processo de degradação do bem, chegando a ocasionar, até mesmo, a perda total de uma das paredes, ou seja, para Cesare Brandi estas intervenções de ‘restauração preventiva’ são necessárias, pois ajudam no processo de preservação da obra, mas devemos sempre pensar que além do ‘estético’ e ‘histórico’ trabalhado pelo autor, o processo de intervenção, seja ele de conservação e/ou restauração, deve satisfazer também as condições de acessibilidade e os usos na qual o patrimônio está sujeito [17]. Portanto, essa intervenção visou em primeiro lugar a eliminação de um dano ao bem, seguindo o tripé da reversibilidade, estabilidade e, principalmente, legibilidade. A intervenção ganhou também tonalidade diferente para que o visitante possa perceber que faz parte de uma intervenção recente, permitindo análises críticas. Devemos ter em vista também que, por tratar-se de um espaço que voltará ao uso – como tantos museus-casas que funcionam em estruturas antigas preservadas –, houve a necessidade de propor ações que visassem uma política de inclusão ou medidas, como a citada, que objetivassem a proteção do bem. Dessa forma, entendemos o patrimônio não como algo estático e congelado, mas, sim, como um processo de transformação e transfiguração, em que cabe a cada um de nós entender suas transformações diante de sua realidade, seu contexto e sua especificidade.

Ao pensar o oficio do restaurador, devemos levar em consideração o domínio que este possui diante das técnicas empregadas no bem, pois antes de trabalhar determinado tipo de suporte, esse profissional deve conhecer suas especificidades para que assim possa traçar um projeto de conservação e restauro eficaz. A conservação e o restauro não são procedimentos prontos, que se pode aplicar para distintos objetos. Esta área profissional demanda um conjunto de ações desenvolvidas por um grupo de distintas áreas que, antes de propor qualquer intervenção, deve trabalhar e exercitar a pesquisa do objeto a ser tratado, para que assim possa entendê-lo dentro de seu contexto e levar em consideração suas problemáticas específicas, observando sempre a relação entre as instâncias estética e histórica como ferramenta primordial. O restaurador é, antes de tudo, um eterno pesquisador.

Seguindo esta terceira fase, já no processo de intervenção, após a construção da calçada, a parede passou por intervenções de restauro com o intuito de reestabelecer sua estrutura. A intervenção seguiu novamente os princípios da conservação e restauro, ou seja, estabilidade, legibilidade e reversibilidade, tendo como base a utilização da técnica original e utilização dos materiais próximos.

O piso do alpendre possuía uma camada de cimento sobre o original. O piso fora composto por tijolo sem nenhuma cobertura de cimento, técnica conhecida como piso tijoleira, característico de casas do final do século XIX e início do XX, sendo muito comum nas principais moradias da região. No processo de restauro, foi feita uma raspagem do cimento que estava sobre o original. Esta camada de cimento foi originada de uma das últimas reformas realizadas na casa. Depois de retirado o cimento, os tijolos ausentes foram reintegrados para, posteriormente, receberem uma camada protetora.

As telhas encontradas na estrutura da casa são de dois tipos distintos, um mais atual, confeccionado em cerâmicas da região, o qual segue um padrão de produção em grande escala; e outro, mais antigo, possuindo características artesanais e possivelmente produzidas na própria comunidade. As telhas mais antigas se caracterizam por não seguirem um padrão regular de produção, não existindo a mesma volumetria e nem simetria, distanciando na forma e até mesmo no tamanho, ou seja, cada peça possui um formato único, o que demonstra o seu caráter artesanal.

A partir do processo de restauro do telhado foram identificadas cerca de sete telhas que possuíam informações como datas, símbolos e nomes de pessoas que as confeccionaram. Esses dados são relevantes para a compreensão do processo de criação da segunda sede da fazenda Salgado dos Moreiras, assim como sobre as figuras e grupos que contribuíram na construção da casa. Como afirma Silvio Zancheti:

Os objetos contêm informação sobre o seu passado, contudo essa informação não existe isoladamente. Os objetos estão ou estiveram submersos em um contexto social, e dependem de outros objetos de um determinado lugar para expressar seus valores. Como Caple (2000:12) colocou, os objetos devem ser vistos em relação aos elementos de um contexto que inclui: os indivíduos ou grupos sociais que os criam e utilizam; os objetos que o rodeiam e dos quais é parte; um tempo particular e uma série de eventos e ações [18].

Podemos identificar o nome de quatro pessoas que participaram do processo de fabricação das telhas e deixaram seus nomes gravados no artefato como forma de registro. Foram encontradas informações como: “Estas telha quem fez foi o Nonato” (fig. 5), “Jozé” (fig. 6), “1 de agosto de 1921” (fig. 7), “Raymundo Hollanda” (fig. 8), “Da Cunha Souza Francisco 1938 400” (fig. 9), “Raimundo” (fig.10) e uma outra que possui um símbolo semelhante a um ferro de marcar gado em formato de “F” (fig. 11) com uma meia lua fechada abaixo.

Fig. 5. Telha com a inscrição: “Estas telha quem fez foi o Nonato” (fonte: Coleção Moreira Chaves. Foto de Roberto Moreira Chaves)

Fig. 6. Telha com a inscrição: “Jozé” (fonte: Coleção Moreira Chaves. Foto de Roberto Moreira Chaves)

Fig. 7. Telha com a inscrição: “1 de agosto de 1921” (fonte: Coleção Moreira Chaves. Foto de Roberto Moreira Chaves)

Fig. 8. Telha com a inscrição: “Raymundo Hollanda” (fonte: Coleção Moreira Chaves. Foto de Roberto Moreira Chaves)

Fig. 9. Telha com a inscrição: “Da Cunha Souza Francisco 1938 400” (fonte: Coleção Moreira Chaves. Foto de Roberto Moreira Chaves)

Fig. 10. Telha com a inscrição: “Raimundo” (fonte: Coleção Moreira Chaves. Foto de Roberto Moreira Chaves)

Fig. 11. Telha com símbolo em formato de “F”. (fonte: Coleção Moreira Chaves. Foto de Roberto Moreira Chaves)

Observamos a importância que estas telhas possuem como fontes documentais, dado o significado do registro, que nos leva a compreender a origem das telhas e até mesmo o período em que estas foram elaboradas. Ainda segundo Silvio Zancheti,

Os valores documentais são aqueles que documentam a passagem do tempo histórico, ou seja, o passado dos objetos. Esses valores estão expressos nos signos do objeto que estão diretamente relacionados ao tempo histórico. No caso da arquitetura podem-se destacar os signos na decoração das fachadas, nos tipos de alvenaria, nas técnicas e os materiais construtivos empregadas, nos estilos, nas reformas realizadas e em outros elementos [19]. 

Desta forma, de acordo com Silvio Zancheti, os “valores documentais” expressos pelas telhas nos revelam um pouco sobre as memórias em torno da produção das telhas e até mesmo possíveis datações que são importantes para pensar a memória da casa e da comunidade de Salgado dos Moreiras já que esta possui relevância na constituição da comunidade [20].

Possivelmente existiam mais telhas com informações, mas, na última reforma da casa, parte destas que eram originais foram trocadas. Na troca destas, não houve um processo de identificação de alguma informação que poderiam conter, levando a possível perda de elementos importantes. O resultado foi uma variação de telhas novas em alguns ambientes e originais em outros.

Além desses processos, foram realizados também procedimentos pontuais como reintegração, fixação e nivelamento de emboço e reboco em diferentes pontos da estrutura em taipa de mão, que se encontrava em processo de desgaste, havendo rompimentos e ausências, além de pequenos reparos na estrutura em alvenaria que a casa possui. Podemos também destacar, neste processo, a recuperação das madeiras que se encontravam com infestações e ausências, as quais foram trocadas e receberam uma camada protetora para prevenir infestações e que também permite identificar as madeiras trocadas. Após a finalização do processo de conservação e restauro, o espaço abrigará a Casa de Quinca Moreira [21].

Considerações finais

Entendemos que o processo de Conservação e Restauro da Sede da Fazenda Salgado dos Moreiras vai além de um projeto de preservação do patrimônio material, ou seja, do imóvel da sede. O projeto se caracteriza como uma análise e revisitação das múltiplas dimensões do bem cultural que nos leva a entender o processo de transformação da fazenda em comunidade de Salgado dos Moreiras e as relações socioculturais e históricas geradas neste processo. Compreendemos a instalação da fazenda para além dos seus proprietários, ou melhor, da figura de Quinca Moreira, abrangendo também as diferentes participações dos moradores, vaqueiros e familiares no desenvolvimento da comunidade (fig.12). Durante o processo de análise do bem edificado, ou seja, da sede da fazenda, buscamos estudar sua constituição técnica e valorizar os saberes e fazeres tradicionais constituídos na taipa de mão e nos materiais identificados na cobertura, evidenciando processos que nos ajudam a entender os sujeitos participantes das memórias em torno da criação da Sede da Fazenda Salgado dos Moreiras e a relação de pertencimento que a comunidade estabelece diante do bem.

Fig. 12. Sede da Fazenda Salgado dos Moreiras após intervenção de Conservação e Restauro (fonte: Coleção Moreira Chaves. Foto de Roberto Moreira Chaves)


Notas:

[1] Utilizamos a grafia “Inucêncio” para manter as marcas de oralidade.

[2] NORA, Pierre (dir.). Les lieux de mémoire. Paris: Gallimard, 1997, v. 2, p. 2226 apud GONÇALVES, Janice. Pierre Nora e o tempo presente: entre a memória e o patrimônio cultural. Historiae, v.3, p. 27-46, 2012, p.34.

[3] CARTA DE DATA E SESMARIA do Ajudante Pedro Barroso Valente e o Padre José Moreira de Souza de uma sorte de terra de três leguas, para cada um, no riacho Xanuágua, concedida pelo Capitão Mor Domingos Simões Jurdão, nº 4, vol. 13, 25 de setembro de 1735. In: ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DO CEARÁ (Org.). Data de Sesmarias do Ceará e índices das datas de sesmarias: digitalização dos volumes editados nos anos de 1920 a 1928. Fortaleza: Expressão Gráfica / Wave Media, 2006. 2 CD-ROOM. (Coleção Manuscritos / Arquivo Público do Ceará, v.03).

[4] REGISTRO DA DATA E SESMARIA do Padre José Moreira de Souza, de uma sorte de terra de três legoas no Riacho chamado das Pedras, que desagua no Rio do Curú, concedida pelo Capitão Mor Domingos Simões Jordão, nº 31, vol. 13, 27 de outubro de 1735. In: ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DO CEARÁ (Org.). Data de Sesmarias do Ceará e índices das datas de sesmarias: digitalização dos volumes editados nos anos de 1920 a 1928. Fortaleza: Expressão Gráfica / Wave Media, 2006. 2 CD-ROOM. (Coleção Manuscritos / Arquivo Público do Ceará, v.03).

[5] REGISTRO DA DATA E SESMARIA do Padre José Moreira de Souza e João do Amorim Tavora, de uma sorte de terra de três legoas no Rio do Curú, concedida pelo Capitão Mor Domingos Simões Jordão, nº 98, vol. 13, 20 de dezembro de 1735. In: ARQUIVO PÚBLICO DO ESTADO DO CEARÁ (Org.). Data de Sesmarias do Ceará e índices das datas de sesmarias: digitalização dos volumes editados nos anos de 1920 a 1928. Fortaleza: Expressão Gráfica / Wave Media, 2006. 2 CD-ROOM. (Coleção Manuscritos / Arquivo Público do Ceará, v.03).

[6] FONSECA, Maria Cecília Londres. O Patrimônio em processo: trajetória da política federal de preservação no Brasil. 2ª Edição. Rio de Janeiro: UFRJ/MinC-IPHAN, 2005.

[7] BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil de 1934. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao34.htm

[8] FONSECA, M. C. L., op.cit.

[9] BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm

[10] MELQUÍADES JÚNIOR, Antonio. Ajuda federal para habitação. Diário do Nordeste, Fortaleza, 03 abril de 2010. Disponível em:

http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/regional/ajuda-federal-para-habitacao-1.54229. Acesso em: 09/03/2018.

[11] CASTRO, Bruno de. Quase 100 mil famílias vivem em casas de taipa no Ceará. O Povo, Fortaleza, 10 março de 2014. Disponível em:

https://www20.opovo.com.br/app/opovo/cotidiano/2014/03/10/noticiasjornalcotidiano,3217599/quase-100-mil-familias-vivem-em-casas-de-taipa-no-ceara.shtml .Acesso em: 09/03/2018.

[12] MELQUÍADES JÚNIOR, A., op.cit.

[13] BRANDI, Cesare. Teoria da restauração. Cotia, SP: Ateliê, 2004.

[14] POLLAK, Michael. Memória e Identidade Social. Estudos históricos, Rio de Janeiro: v. 5, n. 10, p.200-212, 1992, p.201.

[15] CHAVES, Roberto Moreira. Diagnóstico da sede da Fazenda Salgado dos Moreiras localizada na comunidade de Salgado dos Moreiras no município de São Gonçalo do Amarante-Ceará.  Fortaleza: 2015, p.06-11 (Não Publicado).

[16] BRANDI, C., op. cit., p.102.

[17] Idem, p.102.

[18] ZANCHETI, Silvio Mendes. A Teoria Contemporânea da Conservação e a Arquitetura Moderna. Vol. 58. Olinda: Centro de Estudos Avançados da Conservação Integrada, 2014, p.03.

[19] Idem, p.03.

[20] Idem, p.03.

[21] Casa de Quinca Moreira é um projeto idealizado por Roberto Moreira Chaves e tem por objetivo transformar a sede da antiga Fazenda Salgado dos Moreiras em um espaço de preservação da Memória e do Patrimônio Cultural local, composto por uma biblioteca, museu, espaço de exposição, espaço de oficinas e palestras e um pequeno anfiteatro.  


Roberto Moreira Chaves

Técnico em Conservação e Restauro pela Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho. Graduado em Licenciatura em História pela Universidade Federal do Ceará-UFC e Técnico de Laboratório de Conservação e Restauro de Bens Culturais Móveis do Memorial da UFC. E-mail: robertochaves.ufc@gmail.com


logo_rr_pp      EDIÇÃO n.3 2018       

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