Tramway da Cantareira: um vazio

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I Marco Antonio Lança I

O Trenzinho da Cantareira

Um patrimônio cultural admirável e que merece muito ser referenciado – embora infelizmente tenha desaparecido, mas pelo menos ainda permanece na memória de alguns privilegiados paulistanos –, é o conhecido Trenzinho da Cantareira, oficialmente chamado Tramway da Cantareira. As linhas saindo das proximidades do centro da cidade seguiam até a Estação do Areal e desse ponto em diante bifurcavam, sendo que um ramal se dirigia para a Serra da Cantareira e o outro para o Carandiru e Parada Inglesa, passando pelo Jaçanã até finalizar em Guarulhos.

Fig.1. Traçado do antigo Tramway da Cantareira, desativado em 1965 (fonte: SÃO PAULO (Estado). Cantareira: patrimônio arquitetônico e natural. São Paulo: Arquivo do Estado: Imprensa Oficial, 2000, p.17).

O conjunto ferroviário cortava parte da Zona Norte da cidade de São Paulo, desenhando na paisagem uma obra de grande importância histórica na escala metropolitana. Do ponto de vista funcional o Tramway da Cantareira cobria uma grande área da cidade, atingindo um território mais distante do que atinge o atual metrô na Zona Norte da cidade, o qual chega somente até o Terminal do Tucuruvi. Tinha início na Estação Tamanduateí, na esquina entre a Rua João Teodoro e a Rua da Cantareira, próxima ao Liceu de Artes e Ofícios, como pode ser observado no detalhe do levantamento do Munícipio de São Paulo, feito pela Empresa Sara Brasil S/A, para a Prefeitura Municipal de São Paulo (Fig.2).

Fig.2. Local da Estação Tamanduatehy do Tramway da Cantareira, em 1930 (fonte: Detalhe do Mappa Topográphico do Municipio de São Paulo, parte principal da cidade. São Paulo: Sara Brasil S/A, Prefeitura Municipal de São Paulo, fls. 37/24. Esc. 1:1.000).

Fig.3. Fachada da antiga Estação Tamanduateí que ficava na esquina entre a Rua João Teodoro e a Rua da Cantareira. Foto jan. 1941 (fonte: foto do Diário Popular, 21 set. 1942).

O Trenzinho da Cantareira foi inaugurado por volta de 1893 como transporte para trabalhadores da adutora que se localizava na Serra da Cantareira. O Tramway da Cantareira começou a ser construído em 1889 pela Companhia Cantareira de Águas e Esgotos. Posteriormente, passou a ser utilizado pelo público, tornando-se o metrô da Zona Norte.

Com o passar do tempo, tornou-se obsoleto, contribuindo para dificultar o trânsito da Zona Norte e, em 1964, teve seu fim decretado com a construção da Ponte Cruzeiro do Sul. (…) O velho Tramway da Cantareira foi morrendo, deixando de ter passageiros e se processou à sua despedida o aparecimento do metrô. [1]

O trenzinho da Cantareira ao sair da Estação Tamanduateí seguia pela Avenida Cruzeiro do Sul, passando pelo antigo pontilhão sobre o Rio Tietê.

Fig.4. O Tramway vindo da Avenida Cruzeiro do Sul passava pelo antigo pontilhão sobre o Rio Tietê. (fonte: Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Tramway_da_Cantareira>. Acesso em: maio 2022).

Fig. 5 – Vista atual da Avenida Cruzeiro do Sul com seu amplo canteiro central por onde passava o Tramway da Cantareira. Ao fundo, o local da antiga estação Tamanduateí (fonte: Foto do autor).

Atualmente, o entorno da antiga Estação Tamanduateí é bastante conturbado devido ao tráfego intenso de veículos. O local onde ficava a estação é uma área ocupada pela empresa transportadora Braspress. Essa empresa usa o terreno do antigo espaço público para estacionamento privado de caminhões. Representa um grande atraso do ponto de vista ambiental urbano tanto para os moradores quanto para os transeuntes da região.

Fig. 6. Vista atual da esquina da Rua João Teodoro com a Rua da Cantareira, onde ficava a antiga Estação do Tamanduateí (fonte: Foto do autor).

Desativado, desmontado, mas, não desaparecido, o seu traçado ainda pode ser percebido em ruas, avenidas e praças. Assim como eu, muitos paulistanos tiveram o privilégio de ver passar e viajar naqueles trens. Quando criança pude vivenciar a sensação de ver e ouvir os seus ruídos, sentir o cheiro de fumaça úmida e do carvão queimado e passear nos vagões das marias-fumaça. Ainda vivem na minha memória aquelas viagens para o Horto Florestal, Serra da Cantareira, Jaçanã, Guarulhos, Vila Galvão etc. Contam antigos moradores do Jaçanã que Adoniran Barbosa tinha amigos que lá moravam e que eram músicos, seus parceiros das noites paulistanas. Às onze horas da noite partia o último trem com destino ao bairro. A partir dessa história, Adoniran compôs a música considerada um dos hinos da Cidade de São Paulo: “Se eu perder esse trem que sai agora às onze horas, só amanhã de manhã…” [2]. Esse exemplo ilustra o quanto a cidade é feita de imagens marcadas na memória dos cidadãos. Mas se não estiverem registradas em algum momento elas se perderão.

A cidade enquanto instituição histórica: fato ou fake?

Estamos vivendo um momento em que as imagens, mais do que nunca, estão cada vez mais belas, mais detalhadas e sedutoras. Entretanto, a ideia original está sendo subjugada. A tecnologia tornou a cópia idêntica à original. Com a Internet a imagem eletrônica passou a ficar disponível para reprodução ao mesmo tempo e em toda parte do mundo. Não havendo mais o original não há mais a prova de apoio à verdade, acabando com a diferença entre o real e o virtual. As imagens passaram de exemplares únicos da pintura aos clones numéricos.

Essa questão foi levantada por Win Wenders, cineasta que trabalhou e conheceu muitas cidades do mundo. Sustenta o fato de estarem as imagens e as cidades cada vez mais alienadas e alienantes, nos constrangendo a viver experiências de segunda mão. Percebeu que para impedir a perda da credibilidade das suas imagens e consequente queda na onda de todas as outras, elas teriam que conter uma história, pois segundo Wenders: “Cada imagem só é verossímil em relação a um personagem no interior de uma história” [3].

Assim como a história de uma personagem dá veracidade ao cinema, o mesmo acontece com a paisagem urbana, também detentora de história e personalidade, uma identidade a ser compreendida com seriedade. A identidade de uma pessoa está diretamente associada à verdade histórica dos espaços urbanos da cidade onde essa pessoa vive, isto é: fato ou fake?

É claro que os espaços urbanos se transformam, mas as intervenções nesses espaços devem levar em conta os desejos da sociedade, respeitando-se os elementos mais relevantes da sua história. A cultura de certa sociedade possui um padrão estético manifesto nos elementos do espaço urbano. Para que essa cultura possa ser respeitada deve ser respeitado aquilo que a representa. Esse respeito é o fundamento da preservação da cidade enquanto instituição histórica. [4]

O urbanismo, como disciplina ou ciência da cidade, é nesse sentido arte, estética. Pode ser visto segundo as condições e os efeitos da criação artística e da imaginação. Pode ser estudado sistematicamente como o campo do conhecimento resultante do conceito da diversidade de emoções e sentimentos suscitados no homem. Reafirmo a concepção de Lewis Munford, citado por Argan, quando sugere não ser a cidade simplesmente o suporte das manifestações artísticas, mas sim, que a cidade é a própria arte: “A cidade favorece a arte, é a própria arte” [5].

Rossi, também mencionando Mumford, ao investigar a individualidade e a estrutura de um fato urbano, deduz se tratar de um sistema de análise semelhante ao de uma obra de arte.

A cidade é um fato natural como uma gruta, um ninho, um formigueiro. Mas também é uma obra de arte consciente e encerra na sua estrutura coletiva muitas formas de arte mais simples e mais individuais. O pensamento toma forma na cidade e, por sua vez, as formas urbanas condicionam o pensamento. Porque o espaço, não menos que o tempo, é reorganizado engenhosamente nas cidades; nas linhas e contornos dos recintos, no estabelecimento de planos horizontais e cumes verticais, na utilização ou na contraposição da conformação natural […] A cidade é, ao mesmo tempo, um instrumento material de vida coletiva e um símbolo daquela comunidade de objetivos e consensos que nasce em circunstâncias tão favoráveis. Juntamente com a linguagem, ela é, talvez, a maior obra de arte do homem. [6]

Esse caráter dos fatos urbanos está intimamente ligado ao seu unicum, fenômeno que, segundo Rossi, pode ser analisado, mas dificilmente definido.

Os vazios da cidade

O urbanismo tem como objeto de estudo o espaço de vida do ser humano, onde todas as manifestações da nossa cultura estão. A cidade não é somente o palco de uma ópera, mas a ópera toda: palco, cenário, iluminação, sonoplastia, atores, diretores, plateia, tudo junto ao mesmo tempo. Com toda a sua lógica e contradição. Ouro Preto não pode dispor dos seus espaços para uso predominante de estudantes os quais um dia deixarão a cidade e a guardarão somente na sua memória. A cidade é constituída de uma dinâmica cujo morador, o residente fixo, mais que ninguém conhece e contribui para a manutenção da autenticidade da sua vida.

O que a especulação imobiliária fez em São Paulo foi tão violento que deveria ser proposto um plano de readequação paisagística urbana daquilo que foi destruído, mas custeado pelo mercado imobiliário, comparável ao Plano Marshall que foi aplicado na Europa destruída pela 2ª Guerra Mundial. Hoje vemos muitos edifícios que foram construídos sem nenhuma relação com o seu lote, ainda do século XIX. Isto é, construções novas acompanhando os mesmos alinhamentos antigos, mas com altos índices de aproveitamento dos terrenos muitas vezes maior que o da construção anterior, resultando em volumetrias desarmônicas, com empenas cegas que perturbam a paisagem urbana.

Felizmente, boa parte dos espaços urbanos ainda permanece e testemunha toda história da cidade, tornando possível a sua leitura original, como é o caso do local da antiga estação Tamanduateí do Tramway da Cantareira.

A paisagem do Rio de Janeiro foi o cenário imprescindível para o estilo bossa nova dos anos de 1960. Os valores culturais de uma sociedade são constituídos de estilo. Cada estilo tem seu tempo. A vida é feita de tempos. Cada tempo tem seu significado, sua verdade, seu estilo. O Corredor Cultural do Rio caracterizou-se como projeto que visava reanimar a dinâmica da vida autêntica daquele espaço do centro antigo da cidade e conseguiu, respeitando os valores culturais representativos.

A transformação de um centro histórico em setor exclusivamente turístico deve ser evitada. Paraty e Olinda sofreram um processo elitista de ocupação do espaço urbano. Procuradas inicialmente por artistas e intelectuais que queriam morar ali como forma de identificação com suas raízes, hoje são exploradas economicamente em função de uma condição geográfica privilegiada, arquitetura tradicional, vista e brisa do mar.

Entender o urbanismo, a cidade, é sobretudo um ato de respeito com o outro, com o cidadão. Respeitar o espaço urbano é respeitar o espaço humano. É parar para observar atentamente esse espaço de vida social. É respirar esse espaço. É ser esse espaço. Na cidade tudo é muito sutil, muito delicado, as nuanças, os contrastes, os contrapontos dos diferentes materiais. Mas tudo pode ser também muito brusco, ríspido, violento.

É possível fazer analogias e estabelecer semelhanças entre todos os espaços urbanos do mundo. Mas, para se ter a perfeita noção da qualidade própria de cada um: seus matizes, suas nuances, suas texturas, seus odores, sua dinâmica humana, seria preciso vivenciá-los um a um para, então poder afirmar conhecê-los, porque cada um tem a sua peculiaridade.

O significado original de espaço, segundo Martin Heidegger, citado por Kenneth Frampton [7], refere-se a um lugar desocupado, livre, porém com limites. Em essência, espaço é aquilo para o qual se criou um lugar, dentro das suas fronteiras. O que se criou é sempre concebido por causa de uma localização. Assim, os espaços acolhem a sua existência das localidades. Não é somente a qualidade da arquitetura tomada isoladamente que irá representar a qualidade própria dos espaços urbanos. É a reunião dessa arquitetura sobre um território que o caracteriza, estejam as construções dispostas em harmonia ou não. 

Sobre a afirmação de Mumford que a cidade é a mais alta criação do homem, Huet, ao referir-se à cidade democrática, civilizadora, o lugar de trocas e acima de tudo o lugar de sociabilidade, de tolerância, de solidariedade, acrescenta: “que ela é a forma superior do contrato social” [8]. A carne da cidade, expõe o autor, não são os edifícios, mas os espaços públicos. Efetivamente eles são o que há de mais permanente na cidade: “os espaços públicos reúnem e associam aquilo que é separado. São eles que garantem a continuidade, já que todas as operações são descontínuas”. [9]

As leis e os códigos de urbanismo atuam sobre o espaço privado. Os instrumentos reguladores da cidade quase nada trata sobre a sua forma e sobre os espaços públicos. O espaço público existe no negativo, como um resíduo, o vazio criado entre os objetos construídos, por oposição ao espaço privado. Win Wenders pede para que os arquitetos preservem também esses espaços vazios, pois para ele representam o descanso visual para os cidadãos.

O desenho de um espaço urbano não surge da noite para o dia, mas vive enraizado ao longo do tempo e da história. Lamas pondera que os programas funcionais e os planos morfológicos, ou ainda a atuação urbanística por intervenções arquitetônicas qualificadoras, bairro a bairro, quadra a quadra, rua a rua, podem ser opções melhores do que os esquemas de planejamento e controle das variáveis abstratas e quantitativas dos grandes planos diretores [10]. Mas, o conjunto da sociedade não pode prescindir de planos de valorização cultural daquilo considerado importante para o seu cotidiano.

Considerações Finais

Não houve interesse para preservação do Trenzinho da Cantareira. Se tivesse sido preservado, poderia ainda estar em uso. Poderia ter sido adaptado de maneira contemporânea, com trens, estações e infraestrutura condizentes com a tecnologia atual e, ainda, com elementos originais preservados. Seria uma referência histórica na paisagem paulistana e ao mesmo tempo serviria de meio de transporte, tão eficiente quanto o metrô.

Há exemplos desse tipo de preservação em todo mundo. As ferrovias necessitam ser conservadas por investimentos constantes para servir como meio de transporte, tanto de carga como de passageiros, mantendo dessa forma um grande patrimônio de interesse para toda sociedade.

Por todo país as ferrovias foram desativadas para dar lugar ao transporte rodoviário. Recentemente tem havido movimentos na tentativa de reabilitá-las, devido à necessidade de barateamento dos transportes em geral. O preço elevado dos pedágios das nossas rodovias e o alto preço dos combustíveis tem feito as atenções se voltarem para alternativas mais econômicas. Há ainda muitos leitos de antigas ferroviárias sem uso espalhados por todo o país. Bastaria iniciar um processo de recuperação das suas estruturas originais para poderem ser reativadas. Isso seria um grande avanço para a economia em geral, tanto do ponto de vista das atividades ligadas ao comércio de mercadorias quanto para o turismo. Bom exemplo disso é a ferrovia Curitiba-Paranaguá, no Estado do Paraná, mantida pela iniciativa privada. Possui padrões internacionais de qualidade.

O local da antiga Estação Tamanduateí, que inicialmente era de uso público, foi transformado em uso privado pela empresa transportadora Braspress. Isso resultou num grande prejuízo ambiental urbano onde hoje poderia haver um espaço público readequado com um projeto paisagístico oferecendo melhor qualidade de vida para a população local e para a cidade como um todo.

O objetivo da preservação urbana precisa ser o de promover uma vida social assinalada por forte senso de continuidade. Isto é, uma sociedade necessita poder ter esperança, fé, confiança em atingir aquilo que deseja. As qualidades estéticas preservadas por si só não são suficientes para alcançar esse objetivo, mas é preciso que sejam redescobertos os valores urbanos do dia a dia.

O futuro das novas gerações depende do legado das gerações anteriores. O espaço urbano, esse vazio, representa o elo entre o presente e o passado.


Notas

[1] SÃO PAULO (Estado). Secretaria de Estado da Cultura. Departamento de Museus e Arquivos. Divisão de Arquivo do Estado. Cantareira: patrimônio arquitetônico e natural. São Paulo: Arquivo do Estado: Imprensa Oficial, 2000, p. 47.

[2] Trecho da música Trem das Onze. In: BARBOSA, Adoniran. Tiro ao Álvaro. Rio de Janeiro: EMI-ODEON, 1985. 1 disco sonoro (31:34 min), 33 1/3 rpm, estéreo, 12 pol.

[3] WENDERS, Win. A paisagem urbana. Tradução de Maurício Santana Dias. In: Revista do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. no. 23, 1994. Rio de Janeiro: IPHAN, Ministério da Cultura, p. 185.

[4] ROSSI, Aldo. A arquitetura da cidade. Tradução Eduardo Brandão. São Paulo: Martins Fontes, 1995, p. 250.

[5] ARGAN, Giulio Carlo. História da arte como história da cidade. São Paulo: Martins Fontes, 1992, p. 73.

[6] MUMFORD, Lewis. The culture of cities. Londres: Secker & Warurg, 1944, citado por ROSSI, op. cit., p. 258.

[7] FRAMPTON, Kenneth. História crítica da arquitetura moderna. São Paulo: Martins Fontes, 1997, p. 341.

[8] HUET, Bernard. Organização e requalificação de espaços públicos em Paris. In: Os centros das metrópoles: Reflexões e propostas para a cidade democrática do século XXI. [Apresentação Marco Antonio Ramos de Almeida]. São Paulo: Terceiro Nome; Viva o Centro; Imprensa Oficial do Estado, 2001, p. 152-165.

[9] FRAMPTON, op. cit., p. 341.

[10] LAMAS, José Manuel Ressano Garcia. Morfologia urbana e desenho da cidade. 2ª. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, Junta Nacional de Investigação Científica e Tecnológica, 2000, p. 424.


Marco Antonio Lança

Arquiteto aposentado do Condephaat – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo; graduado pela FAUS – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Santos – UNISANTOS; professor aposentado da FAUS e doutor pela FAUUSP – Faculdade de Arquitetura da Universidade de São Paulo. E-mail: marcoantoniolanca@gmail.com


logo_rr_pp v.6, n.12 (2022)

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