Resgatar das ruínas: a casa bandeirista do Itaim Bibi
| Lia Mayumi |
De 1997 a 2011, portanto durante quinze anos, o Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura de São Paulo atuou, revestido da prerrogativa de promover e fiscalizar a preservação dos bens culturais tombados no município, na definição do destino da casa bandeirista do Itaim Bibi. Na realidade, essa participação iniciou-se bem antes, em 1982, quando a casa foi tombada pelo CONDEPHAAT, órgão estadual de preservação [1]. O tombamento municipal, por sua vez, data de 1991 [2].
À época do tombamento estadual, a casa do século XVIII, exemplar típico de partido arquitetônico bandeirista, já havia sido bastante reformada, tendo funcionado como moradia da família Couto de Magalhães, de 1846 a 1918. Leopoldo Couto de Magalhães, o “Bibi”, loteou a chácara, dando origem ao bairro. De 1918 a 1921 a casa sediou o Abrigo Santa Maria. Em 1921, a propriedade foi adquirida pelo médico Brasílio Marcondes Machado. Em 1922, instalou-se nela o Sanatório Bela Vista, dedicado ao tratamento de pessoas com deficiência mental. Em 1944, foi adquirida pelo Instituto Ache, dirigido por Nestor Solano e Mário Yahn. Em julho de 1980, o herdeiro do Sítio do Itaim-Bibi, Francisco Solano Pereira, vendeu o imóvel à Comercial Bela Vista, e o Sanatório encerrou suas atividades. No dia 20 do mesmo mês, Carlos Lemos publicava artigo no jornal Folha de São Paulo, a partir de visita que fez ao imóvel. Na ocasião, a construção estava íntegra, ainda com a configuração do Sanatório Bela Vista que ali funcionou. Segundo Lemos,
…a taipa de pilão desta casa do Sanatório está íntegra. A estrutura do telhado de pavilhão continua como era. Da velha capela interna ainda existe conservada a mesa do altar, característica do século 18. Tudo indica seja a construção um exemplar de transição e, por isso, importante, constituindo um elo no desenvolvimento ou na dinâmica planta da casa paulista [3].
A partir desse momento, sem manutenção, a casa começou a se tornar ruína. O arruinamento da taipa foi agravado pela remoção do telhado. Diante da situação de abandono da casa, o DPH e o CONDEPHAAT providenciaram um minucioso trabalho de coleta de fragmentos arquitetônicos da construção, fundamentalmente madeiramento e caixilharia, catalogando-os. Foi realizado, também, o levantamento métrico-arquitetônico da casa.
Com o propósito de promover a preservação do imóvel, em 1997 o Ministério Público do Estado passou a acompanhar o caso. A partir dessa data, o DPH e o CONDEPHAAT passaram a receber, para análise, planos e projetos para a ocupação do terreno, incluindo-se aí um projeto de restauração da casa de taipa.
Em 2003, diante do Ministério Público do Estado, o proprietário assumiu o compromisso de restaurar e preservar a casa bandeirista. As obras na casa tiveram início em 2008, juntamente com o início das obras de construção de um edifício de escritórios, localizado no mesmo lote.
No presente artigo tentaremos fazer um relato objetivo do processo de resgate da casa bandeirista do Sítio do Itaim Bibi, a partir do seu estado de ruína. O relato será feito a partir da nossa perspectiva, de técnico do DPH que analisou e acompanhou, no âmbito do órgão municipal, o desenvolvimento dos planos e projetos de salvamento daquele bem tombado.
O projeto de restauração de 1997
O projeto de restauração, de autoria da arquiteta Helena Saia, data de 1997. Previa a conservação das partes remanescentes da edificação (predominantemente, maciços de taipa de diversas alturas, peças do madeiramento do telhado fora de sua posição original e partes do madeiramento da caixilharia, também fora de sua posição original) e a recomposição das partes lacunosas com o emprego de materiais e técnicas construtivas modernas, quais sejam: reforço estrutural de concreto armado e vedações de tijolos de barro e blocos de concreto leve. Em outras palavras: as grandes lacunas presentes nos maciços de taipa seriam recompostas com o auxílio de um sistema estrutural misto: um esqueleto de reforço de concreto armado (fundações, colunas, vigas e cintas), a ser introduzido nos maciços de taipa, no qual se apoiariam vedações novas de tijolos ou solo estabilizado com cimento (solo-cimento), e a cobertura. As lacunas irregulares seriam preenchidas com concreto leve. Com o auxílio do esqueleto de concreto armado, as cargas próprias (concreto + vedações) e a do telhado seriam descarregadas no solo, em fundações apropriadas (novas, também de concreto armado), poupando os maciços de taipa remanescentes de qualquer esforço de carga vertical ou lateral (Fig.1 e 2).
Além dos resultados de prospecções arquitetônicas no solo e nas taipas, existiam, também, suficientes remanescentes de taipa para permitir a compreensão e recomposição do agenciamento da planta, dos pés-direitos dos ambientes da edificação, assim como da posição de envasaduras (portas, janelas) e da altura de peitoris e vergas de portas e janelas.
Os fragmentos lígneos remanescentes – conforme inventariados e identificados – serviriam de base para a confecção das peças desaparecidas de caibros, vigas, frechais, cachorros, padieiras, ombreiras e demais partes de madeira. As peças de madeira tiveram a sua localização identificada a partir da posição em que foram encontradas no solo e com base em estudos tipológicos clássicos da arquitetura bandeirista (Figs.3 a 6).
O contexto: o lote
As obras de restauração da casa-sede só tiveram início em junho de 2008, onze anos após a elaboração do projeto de restauro. Em 2008, a incorporadora Company / Brookfield havia assumido a propriedade da casa, situada no coração do grande terreno de 19.366,00 m² delimitado pela Avenida Brigadeiro Faria Lima, Rua Horácio Lafer, Rua Iguatemi e Rua Aspásia. Ao assumir a propriedade do imóvel, a empresa modificou também o projeto original do centro comercial, apresentado ao Conpresp e aprovado no ano de 2000. Segundo o projeto original de construção do centro comercial, a casa bandeirista seria contornada por um volume maciço horizontal que abrigaria lojas e, deste volume horizontal, arrancariam duas torres implantadas em alinhamento diagonal, com resultado visual bastante desfavorável à fruição paisagística da casa (Fig.7 e 8). O novo projeto, apresentado ao Conpresp em 2009, eliminou o centro comercial e concentrou os escritórios em uma lâmina de grandes proporções, atenuadas pelo revestimento de vidro, com um vão central através do qual se tornou possível ter a visão desimpedida da casa de taipa, a partir da avenida Brigadeiro Faria Lima. A casa passou a ter o seu entorno livre, com jardins e remanescentes do pomar existente à época do tombamento. Através do vão central do edifício de escritórios, foi criada a possibilidade de se atravessar o lote até a rua Iguatemi, localizada na face oposta à avenida (Fig. 9 a 11).
O projeto de restauração de 2008
Em 2008, o estado de conservação da casa havia se agravado em relação ao da época da elaboração do primeiro projeto de restauração, de 1997. Os maciços de taipa remanescentes, protegidos durante anos apenas por lonas plásticas, haviam se tornado ruínas (Fig.13). A autora do projeto de restauro elaborou, então, uma revisão do projeto, ao qual foram acrescentadas novas informações resultantes de um conhecimento mais aprofundado do edifício, que foram propiciados pelo início dos serviços de prospecção arquitetônica na edificação.
A segunda versão do projeto de restauro é particularmente rica enquanto fonte de informações, pois registra um momento intermediário entre o projeto e o início da obra, momento de leitura arquitetônica e de investigação das estruturas remanescentes da casa. O levantamento dos elementos remanescentes da casa registra e indica: a localização da vegetação intrusa nos maciços de taipa e nos pisos; os pontos de prospecção arquitetônica; as porções remanescentes dos maciços de taipa e das alvenarias de tijolos; as demolições previstas; as paredes e trechos de parede a recompor com blocos de concreto leve e estrutura de concreto armado. O critério de reforço estrutural previsto originalmente no projeto de 1997 é reafirmado: o esqueleto de concreto armado seria introduzido na face interna dos maciços de taipa, com pilares de seção de 20 X 20 cm e viga de amarração no topo dos maciços de taipa. As elevações das fachadas e os cortes documentam as diferentes unidades estratigráficas das paredes internas e externas, no momento imediatamente anterior à obra de restauro, registrando as porções de taipa antiga, porções de taipa mais nova, porções de alvenarias de tijolos e porções lacunosas.
Primeira fase das obras: junho de 2008 a abril de 2009
Em junho de 2008 teve início a obra de restauração. Ela ocorreu com acompanhamento periódico dos técnicos do CONDEPHAAT, DPH e IPHAN/SP. A partir desse acompanhamento, algumas soluções técnicas foram definidas no canteiro de obras, destacando-se a contribuição do arquiteto Walter Fragoni (CONDEPHAAT), que sugeriu adotar solo estabilizado com cimento (solo-cimento) apiloado na recomposição das paredes de taipa de pilão, ao invés de vedações de tijolos de barro apoiadas em estrutura auxiliar de concreto armado.
O escopo de serviços executados durante a primeira etapa de obras pode ser assim resumido (Fig. 14 a 19):
– Remoção da vegetação intrusa à edificação;
– Construção de cobertura metálica provisória;
– Demolição de acréscimos posteriores à construção original;
– Execução de prospecções arquitetônicas;
– Abandono do projeto de reforço estrutural com esqueleto de concreto armado e adoção do solo-cimento apiloado, em razão de se ter constatado tanto o bom estado das fundações originais de taipa, como a possibilidade de os maciços virem a recuperar a sua função arquitetônico-estrutural original como sistema monolítico;
– Consolidação das paredes de taipa, através do preenchimento de grandes lacunas, ora com solo estabilizado com cimento (solo-cimento) apiloado sobre os alicerces, à maneira da taipa de pilão, ora com argila expandida e argamassa de cimento/areia (“pé de moleque”) que, em função da presença do agregado leve (argila expandida), confere leveza à argamassa e alivia as cargas sobre os maciços de taipa;
– Confecção e instalação de esquadrias.
Paralisação das obras: abril de 2009 a abril de 2011
As obras de construção das torres de escritórios foram paralisadas em abril de 2009, acatando ordem judicial da Procuradoria da República / SP, em razão dos danos causados ao sítio arqueológico do terreno pela obra de escavação dos subsolos das torres de escritórios, no entorno da casa de taipa. Enquanto se discutiam e arbitravam, no Ministério Público Federal, sobre as medidas compensatórias, e se realizavam as pesquisas arqueológicas no terreno, e até a liberação da continuidade das obras de restauração, passaram-se mais de 24 meses.
A paralisação das obras de construção das cortinas de contenção necessárias à escavação dos cinco subsolos das torres de escritórios, implicou intensa movimentação do solo, desestabilização do terreno da casa de taipa e profundas avarias na casa e nos serviços de restauro já executados até aquele momento. Conforme relatado no processo pelos responsáveis pela obra no processo do DPH:
…surgiram trincas no solo, cuja largura total foi da ordem de 60 cm, com profundidade de mais de 15 metros, além de recalques de cerca de 20 cm. A direção dessas lesões foi NO-SE, vale dizer, numa das diagonais do corpo da edificação [4].
Monitoramento estrutural: novembro de 2010 a maio de 2011
Diante dos expressivos danos estruturais decorrentes da desestabilização do terreno onde a casa está implantada, a empresa Falcão Bauer foi contratada em outubro de 2010 para mensurar as avarias e fornecer dados precisos para orientar a continuidade dos serviços de restauro: o que poderia ser preservado, o que teria que ser demolido, o que poderia ser estabilizado e como deveria ser estabilizado e/ou reforçado.
As movimentações verticais e horizontais envolvendo o terreno da casa, decorrentes da escavação para a construção dos subsolos do edifício de escritórios, foram monitoradas pela Falcão Bauer durante o período de 04/11/2010 a 09/05/2012 (seis meses). Ao final desse período, as leituras das movimentações apontaram que o terreno não apresentava mais movimentações significativas, mostrando tendência à estabilização.
Segunda fase das obras: abril de 2011 a outubro de 2011
A retomada das obras de restauro ocorreu em abril de 2011, apoiada pelas consultorias fornecidas pela Falcão Bauer, pelo engenheiro George Inachvili e por geólogos, além da consultoria da própria equipe envolvida diretamente com a obra, os arquitetos Helena Saia, Alberto Arruda e José Saia Neto.
O escopo dos serviços foi alterado e complementado em função, principalmente, da necessidade de correção dos danos estruturais e da necessidade de estabilização do solo e da construção. Tal escopo pode ser resumido nos seguintes itens:
– Mensuração da estabilidade e rigidez dos maciços remanescentes: os resultados do monitoramento estrutural do terreno e da edificação do Sítio do Itaim-Bibi embasaram a retomada das obras de restauração em abril de 2011, 120 dias após o primeiro diagnóstico dos problemas estruturais, emitido pela Falcão Bauer;
– Mensuração da estabilidade do solo;
– Reparos na cobertura metálica provisória: afortunadamente, o sistema estrutural intertravado da cobertura metálica colaborou para impedir o desmoronamento total do solo onde está implantada a casa de taipa;
– Elaboração de projeto de reforço estrutural para corrigir as fendas no piso e recuperar a coesão das paredes da casa e de suas fundações, que sofreram deformações decorrentes de recalques verticais e horizontais;
– Demolição das paredes condenadas: trechos severamente afetados pelos recalques, sem possibilidade de recuperação, precisaram ser sacrificados (demolidos);
– Recuperação / substituição de esquadrias já instaladas;
– Recuperação / substituição de barrotes: barrotes de jirau precisaram ser escorados para permitir a recuperação dos maciços das paredes e, em seguida, reinstalados;
– Recuperação da estabilidade do terreno a partir de reforços estruturais: as grandes trincas surgidas no terreno, tanto dentro como fora da casa, foram preenchidas a fim de reduzir a possibilidade de acomodações posteriores do terreno, e também para impedir que esses vazios se tornassem indutores de novas drenagens de águas pluviais. A solução adotada foi a aplicação de mistura de areia e cimento seco com subseqüente introdução de água. O cimento foi empregado para impedir que a areia não fosse carreada pelo lençol freático;
– Execução de reforço estrutural no nível das fundações: a fim de recuperar a coesão perdida pelas paredes, foi executada uma grelha estrutural de concreto armado no nível das fundações / alicerces, no plano imediatamente abaixo das paredes. O reforço consiste na amarração, das duas faces laterais das bases das paredes afetadas, com vigas de 20 X 30 cm armadas com 3 ferros de 6 mm, solidarizadas entre si, a cada metro, por vigotas armadas;
– Execução de reforço estrutural no nível das paredes: no topo das paredes foi executado frechal de concreto armado, para amarração dos maciços. As fissuras e fendas das paredes foram preenchidas com grout. As demais lacunas foram fechadas com uma mistura de argila pura estruturada com fibras de polipropileno, para melhorar a resistência das paredes à tração (Fig. 21 a 24).
– Revestimento das paredes: depois de consolidados, os maciços de taipa foram revestidos na seguinte seqüência: a) chapisco “aberto”, ou seja, com cobertura na proporção de 40 a 60%, a fim de permitir tanto a ancoragem do reboco, como também a respiração da taipa; b) reboco de argamassa “fraca”, ou seja, de cal + areia, compatível com os revestimentos de casas bandeiristas (Fig. 25 a 27); c) no acabamento, os trechos correspondentes aos maciços de taipa originais receberam reboco do tipo “carioca” (acabamento rústico). Os trechos recompostos foram tornados distintos, através de acabamento liso; d) pintura com cal branca (Fig. 28);
– Revestimento dos pisos internos: piso rústico de solo-cimento;
– Madeiras: as peças originais remanescentes da construção eram de canela preta. Considerando o seu estado de comprometimento, foram todas substituídas por peças de itaúba e cumaru. Isto se aplica aos assoalhos, barrotes, esquadrias e madeiramento completo do telhado, incluindo cachorros do beiral.
A capela
O ambiente da capela foi preservado com todos os vestígios das paredes do altar: a parede de taipa, o nicho e as reentrâncias de encaixe das colunas (lado direito do altar). O lado esquerdo foi recomposto simetricamente, com solo estabilizado apiloado, de modo que a parede foi preparada para, oportunamente, voltar a abrigar a mesa e as quatro colunas do altar, considerados bens integrados à edificação, e aos quais Lemos fez menção em seu artigo publicado na Folha de São Paulo, em 20 de julho de 1980 (Fig.29).
Conclusão
Conforme já esclarecemos no início, o presente trabalho tem como propósito relatar, objetivamente, o desenvolvimento do processo de resgate da casa bandeirista do Sítio do Itaim Bibi, a partir do seu estado de ruína.
O processo de arruinamento da casa teve início em 1980. O projeto de restauro da casa data de 1997. A obra só teve início em junho de 2008. Foi paralisada em abril de 2009. Foi retomada em janeiro de 2011, e concluída em outubro de 2011. A casa de taipa sofreu agressões profundas de fatores naturais (chuvas, insolação, ventos, vegetação, térmitas) mas principalmente da ação antrópica (remoção do telhado, depredação, solapamento do solo decorrente da desestabilização estrutural provocada pela execução e paralisação da escavação de cinco subsolos no entorno da casa).
As ações coordenadas da sociedade civil, do Ministério Público do Estado, do IPHAN, da UPPH/CONDEPHAAT e do DPH/Conpresp foram fundamentais para reverter o processo de arruinamento do bem tombado, neste caso que constitui uma demonstração teimosa e exemplar de resistência às forças que agem em prol do amesquinhamento do patrimônio cultural. Aliás, essa demonstração exemplar, por si só, já justificaria o partido de intervenção adotado para o resgate da casa. Referimo-nos à opção pela recomposição arquitetônica a partir dos vestígios e dos remanescentes arquitetônicos, opção que foi recomendada pelo Ministério Público e aprovada pelo Conpresp e pelo CONDEPHAAT.
O canteiro de obras constituiu um lugar de experimentação aberta, onde puderam ser testadas muitas hipóteses de emprego de materiais e de técnicas construtivas aplicáveis à recomposição dos trechos desaparecidos de paredes, revestimentos e acabamentos, até se obter as soluções técnicas e estéticas mais respeitosas e compatíveis com a matéria existente. Com relação às técnicas construtivas, é importante destacar que nenhuma solução fechada a priori foi imposta à restauração da casa, seja no critério de estabilização estrutural, seja na definição dos revestimentos ou acabamentos dos maciços de taipa. O critério inicial de consolidação estrutural, por meio da introdução do esqueleto autônomo de concreto armado, guardava grande semelhança com o critério clássico difundido por Luís Saia [5]. Os acabamentos diferenciados (reboco liso X rústico) das paredes caiadas são intencionais, buscando informar que, por detrás desses rebocos, encontram-se materiais distintos: taipas originais X maciços recompostos, cuja estratigrafia só é possível conhecer através dos registros gráficos e iconográficos que foram produzidos para pesquisa.
O critério de preservação do bem tombado – restauração, reconstrução, recomposição –, assim como a nova inserção urbana resultante da operação imobiliária realizada no terreno e os usos possíveis para a casa, são temas a serem explorados em outra oportunidade.
Notas
[1] CONDEPHAAT. Resolução SC 46/1982.
[2] CONPRESP. Resolução 5/1991. Processos municipais relacionados ao Sítio Itaim: 1997-0.182.217-0; 2000-0.148.672-8; 2009-0.143.969-6; 2011-0.357.476-7.
[3] Processo municipal 2011-0.357.476-7, fl.68.
[4] Processo municipal 2011-0.357.476-7.
[5] MAYUMI, L. Taipa, canela-preta, concreto. São Paulo, Romano Guerra, 2008.
Lia Mayumi
Arquiteta e urbanista, com Graduação, Mestrado e Doutorado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP), e aperfeiçoamento e treinamento na área de preservação do patrimônio arquitetônico nas seguintes instituições: Universidade de Lund, ICCROM e Universidade Provincial de Kyoto. Professora das disciplinas de História e Teoria da Arquitetura e do Urbanismo, e Técnicas Retrospectivas, na Universidade Paulista (UNIP) de 1993 a 2004 e Universidade Ibirapuera (UNIB) em 2005 e 2006. Membro do corpo técnico do Departamento do Patrimônio Histórico da Prefeitura de São Paulo (DPH) desde 1987. Autora do livro Taipa, canela-preta, concreto (2008).
Este trabalho está licenciado com uma Licença Creative Commons – Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.